22/05/2020

Covid-19

Demissões no setor calçadista chegam a 12% do total empregado

Do final de março até o dia 19 de maio foram desligados 32,8 mil trabalhadores no setor


A falta de demanda do varejo doméstico, aliada à queda nas exportações, em função do alastramento da pandemia da Covid-19, tem provocado uma onda de demissões no setor calçadista brasileiro. Números atualizados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, do final de março até o dia 19 de maio, foram desligados 32,8 mil trabalhadores no setor, mais de 12% do total empregado na atividade (269 mil pessoas, em dezembro de 2019). 

Os estados que mais demitiram na atividade foram São Paulo (10,16 mil demissões), Rio Grande do Sul (8,93 mil demissões) e Minas Gerais (5 mil demissões). Os estados do Nordeste somam 6,12 mil desligamentos no período. 

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que o fato de o varejo físico estar fechado, ou com restrições, na maior parte do País, é o principal motivo para o quadro. "O setor já está prevendo uma queda de até 30% na produção de calçados, o que significa mais de 260 milhões de calçados que não serão produzidos esse ano. Voltaremos ao patamar de 16 anos atrás", lamenta, ressaltando que a entidade defende o retorno gradual, e seguro, às atividades do comércio. 

Segundo o dirigente, como o mercado doméstico responde por mais de 85% das vendas do setor, o impacto é devastador para a atividade. "Com o varejo fechado não existem novos pedidos e a indústria não tem o que produzir. O resultado é esse quadro, de colapso econômico, que vem acompanhado da sua faceta mais cruel, que é o desemprego", conclui.

Além da queda no mercado doméstico, que foi de quase 40% em março, no comparativo com o mesmo mês do ano passado, o revés nas exportações piorou o quadro. O dado mais recente aponta que, em abril foram embarcados 4,84 milhões de pares por US$ 30,3 milhões, quedas de 40% em volume e de 60,8% em dólares na relação com mesmo mês do ano passado. Em 2020, conforme a Abicalçados, os embarques devem cair entre 22,4% e 30,6%, ante 2019, fechando entre 89 milhões e 80 milhões de pares vendidos no exterior, pior resultado desde 1983.