03/07/2020

Setor químico

Produção da indústria química cai pelo segundo mês seguido

No bimestre abril/maio, a produção teve uma queda acumulada de 20,9% e as vendas internas caíram 25,4% comparados a março


A produção da indústria química caiu 1,92% em maio, após queda de 19,35% em abril. Já as vendas internas cresceram 16,02% em maio, após o pior resultado histórico mensal em 30 anos, registrado em abril, quando a variável teve declínio de 35,68% sobre o mês anterior, aponta o Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim. 

No bimestre abril e maio, a produção teve uma queda acumulada de 20,9% e as vendas internas caíram 25,4% em comparação ao desempenho que o setor registrou em março, quando o País ainda estava no início da pandemia. Na comparação de maio de 2020 com igual mês do ano passado, o índice de produção caiu 21,34% e as vendas internas tiveram recuo de 27,54%. Em maio, o índice de utilização da capacidade instalada foi de apenas 61%, o mais baixo resultado da série do setor em 30 anos.

Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, o efeito da elevada ociosidade (39%) somado ao delay que existe entre o comportamento de preços das principais matérias-primas do setor em relação ao mercado internacional resultou em custos unitários de produção elevados nos últimos dois meses, piorando ainda mais a já prejudicada competitividade das plantas locais em relação às congêneres no exterior.

No acumulado de janeiro a maio de 2020 sobre igual período do ano passado o índice de produção caiu 7,26% e o de vendas internas recuou 12,75%. “A estimativa no acumulado dos primeiros cinco meses do ano é que essa situação gerou recuo de 10,2% no faturamento líquido em Reais do segmento de produtos químicos de uso industrial”, analisa Fátima. 

Nos últimos 12 meses, de junho de 2019 a maio de 2020, o índice de produção teve recuo de 8,13%, as vendas internas caíram 8,61% e o consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, recuou 3%. Em igual comparação, as importações tiveram alta de 12,7% e, com isso, 46% de tudo o que o País consumiu em produtos químicos teve origem no mercado internacional, gerando divisas e empregos de elevada qualidade lá fora.

A Abiquim tem realizado desde abril uma pesquisa qualitativa com as empresas associadas para monitorar o desempenho operacional das empresas, o acesso a crédito e monitorar a inadimplência dos segmentos clientes. O dado positivo da última pesquisa foi que as empresas declararam uma certa estabilidade na produção e nas vendas, o que pode indicar que o pior período, até o momento, tenha sido entre abril e maio, a conferir. O percentual das empresas que recorreram ao mercado financeiro para ter acesso ao crédito diminuiu de 33% em maio para 26% em junho. Apesar disso, um percentual menor obteve a liberação de recursos, caindo de 73% em maio para 50% em junho. A inadimplência que havia crescido para 85% das empresas amostradas em maio, caiu para 71% das empresas pesquisadas em junho. “Os clientes também têm solicitado ao setor maior prazo para o pagamento de fatura e/ou cancelamento de pedidos, o que impacta também no faturamento das empresas do setor”, finaliza Fátima.