18/10/2019

Setor calçadista

Produção de calçados deve crescer 3% em 2019

Já a expectativa de crescimento no mercado interno, que absorve 86% da produção de calçados, é de 0,8%. 


Melhor do que outros setores industriais, o setor calçadista projeta um crescimento de 3% na produção de 2019, alcançando 972 milhões de pares. Entretanto, segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, com o resultado o setor ainda não recupera as quedas dos anos anteriores, voltando aos patamares registrados em 2014. A previsão foi divulgada durante o evento  Análise de Cenários, realizado em 8 de outubro na Fenac, em Novo Hamburgo/RS, e promovido em conjunto pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). Ainda de acordo com Priscila, o resultado da produção deve ser puxado pelo incremento nas exportações, na casa de 10%, alcançando quase 125 milhões de pares. Já a expectativa de crescimento no mercado interno, que absorve 86% da produção de calçados, é de 0,8%. 

O evento iniciou com a apresentação de Marcos Lélis, doutor em Economia e consultor do setor calçadista. O especialista comentou sobre os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem provocado uma desaceleração no comércio mundial, que deve refletir ainda em 2020. No acumulado de 2019, as importações norte-americanas de produtos chineses caíram 12,6% e o caminho contrário também registrou queda, de 17,9%. 

Lélis ressaltou que, além da guerra tarifária, a China utiliza das suas reservas internacionais - de mais de US$ 3 trilhões - para manipular o câmbio, o que tem reflexo imediato na economia mundial. “Em julho e agosto, quando houve um ruído nas negociações entre China e Estados Unidos, eles mexeram no câmbio, desvalorizaram o Yuan (moeda chinesa) e bagunçaram a economia mundial”, recordou, ressaltando que o país é o maior exportador do mundo. 

Investimento

Segundo o economista, mesmo o PIB brasileiro crescendo 0,4% no segundo trimestre, afastando o risco de uma recessão, a economia ainda patina pela falta de investimentos substanciais em infraestrutura. “Tivemos esse crescimento puxado pelo setor de habitação, especialmente a de alto padrão no Sudeste, o que não é suficiente para um crescimento consolidado”, explicou, ressaltando que o crescimento, para se consolidar, precisa ser resultado de maiores investimentos no parque fabril (aumento da capacidade instalada), na construção civil de empreendimentos públicos e privados etc. “De toda forma, a notícia deu uma melhorada no ânimo, e resultou na expectativa de crescimento de 0,8% para 2019”, disse.

Efeito limitado

Para Lélis, somente a Reforma da Previdência, já em estágio avançado para ser aprovada no Senado Federal, não será suficiente para recuperar os investimentos no Brasil, especialmente porque ainda existe uma ociosidade de cerca de 25% na indústria, que segundo ele é o motor do crescimento da economia. “Ainda estamos com um baixo uso da capacidade instalada. Então, o empresário não irá investir neste momento”, disse, ressaltando a importância das parcerias público-privadas para a retomada mais substancial dos investimentos.