O “Combate à pandemia na indústria química e comunidades do entorno” foi o tema da live realizada pela Abiquim, no dia 17 de julho, com a participação da consultora em Comunicação, Responsabilidade Social e Sustentabilidade Socioambiental, integrante da Comissão de Diálogo com a Comunidade da Abiquim e representante da Croda, Ana Govatto; e da head da Área de Saúde Ocupacional na Bayer e presidente da Comissão Técnica de Inclusão e Diversidade da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Daniela Bortman; com moderação do presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino; e da gerente de Comunicação da Associação, Camila Matos.
A consultora e integrante da Comissão de Diálogo com a Comunidade da Abiquim, Ana Govatto, destacou a importância do relacionamento da indústria química com a comunidade do entorno das plantas para a construção de um relacionamento sólido, o que facilitou mostrar às pessoas a importância da indústria química no combate à pandemia. “Desde março existe uma mobilização nos conselhos comunitários consultivos, todos com espírito solidário e a química tem sido importante por fornecer para a indústria de transformação produtos usados em itens de higiene, limpeza, equipamentos de proteção individual, como máscaras e aventais, usados pela área da saúde”.
Ana também ressaltou que apenas entre as empresas da indústria química representadas na Comissão de Diálogo com a Comunidade da Abiquim, foram feitas doações de cerca de 30 milhões de reais divididos entre contribuições financeiras, materiais, cestas básicas, alimentos, kits de higiene pessoal e doméstica, além de apoio oferecido a pequenos empreendedores. “Muitas pessoas das comunidades estão trabalhando para atender demandas da sociedade, uma delas é a confecção de máscara de tecido. Alguns conselheiros comunitários, que estavam com a máquina de costura parada queriam ajudar e passaram a produzir máscaras de tecido. Muitas dessas máscaras foram compradas pela indústria química para fazer a distribuição para funcionários e na comunidade, e isso auxiliou os mais vulneráveis, que perderam trabalho e renda e, com a confecção de máscaras, puderam arrecadar recursos, sendo que alguns ainda fizeram doações de máscaras para quem mais precisava e nesses casos a indústria doou tecidos, elásticos e linhas”.
A head da Área de Saúde Ocupacional na Bayer e Presidente da Comissão Técnica de Inclusão e Diversidade da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Daniela Bortman, explicou que para a manutenção operacional das plantas químicas foram realizadas mudanças de layout, aplicação de distanciamento social de dois metros nos postos de trabalho. “Nas linhas em que isso não era possível, outras medidas foram realizadas, além de campanhas de higiene, guia de boas práticas, criação de um canal de atendimento psicológico para manter um canal de diálogo aberto entre as pessoas e o serviço de psicologia. Também foram promovidas alterações na forma de entrega das refeições, no layout de vans e ônibus”.
O compartilhamento de experiências pela indústria química foi lembrado pela consultora em Comunicação, Responsabilidade Social e Sustentabilidade Socioambiental, Ana Govatto, para a busca das melhores formas de manter o diálogo com as comunidades. A consultora lembra que a integração neste momento ficou comprometida. “A diferença do encontro presencial em relação ao virtual, que tem nos ajudado muito, é grande. Sabemos que muitas pessoas têm dificuldade para o acesso virtual ou com a tecnologia ou até com os recursos para viabilizar um diálogo virtual, mas procuramos manter esse contato e a proximidade emocional. Hoje o whatsapp favorece a conversa com a comunidade e esse meio precisa estar ativo e presente. A comunidade muitas vezes acaba se entendendo como grupo justamente por participar dos conselhos comunitários. É uma obrigação nossa contribuir com conhecimento e informações para a comunidade”.
A presidente da Comissão Técnica de Inclusão e Diversidade da (ANAMT), Daniela Bortman, que também é médica, explicou a importância das precauções na realização de testes para se decidir sobre a retomada das atividades. “O PCR positivo significa que o material genético do vírus foi detectado no exame, ou seja, a pessoa estava contaminada pelo vírus. Ele é o único exame padrão ouro (referência) da Organização Mundial da Saúde para Covid-19, mas precisa ser coletado de forma adequada e dentro de uma janela de tempo também adequada para que se possa ter sensibilidade e especificidade maior. Mas pode ocorrer um falso positivo de PCR, pois a confiabilidade dos testes em geral que temos hoje ainda é questionável. Os testes são importantes para se fazer um mapa epidemiológico para construção de políticas públicas. Mas eles precisam ser feitos com cautela, é um exame médico, que precisa de recomendação médica”. Daniela ainda explicou por que o teste PCR pode apresentar um resultado e os testes por anticorpos (IgM e IgC) podem apresentar resultados diferentes. “A pessoa pode ter detectado o vírus no teste PCR e depois não desenvolveu anticorpos. Isso pode acontecer por dois motivos: porque a pessoa de fato não ‘soroconverteu’, ou seja, ela não vai produzir anticorpo e isso já foi publicado e acontece em pessoas com infecção muito branda, que desenvolvem poucos sintomas ou sintomas muito leves e podem não produzir IgM e IgC para Sars-CoV-2, o vírus do coronavírus. A outra razão é a pessoa não ter esperado o tempo adequado para a produção dos anticorpos e sua detecção no teste. É importante entendermos que existe uma indicação adequada e específica para cada tipo de exame”, alerta.
Outros temas
Durante a live, também foram recebidas perguntas sobre outros temas, que foram respondidas pela head da Área de Saúde Ocupacional na Bayer e presidente da Comissão Técnica de Inclusão e Diversidade da ANAMT, Daniela Bortman, e pela gerência de Gestão Empresarial da Abiquim.
Pergunta: Como as empresas estão prevendo o Plano de Atendimento para Casos Psicossociais, pós pandemia? Está previsto um aumento dos casos de transtornos psicológicos pós-isolamento?
Resposta: O aumento da prevalência de doenças psicossociais na população global tem sido intensificada pela pandemia. É importante que as empresas se organizem para fornecer suporte de Saúde Mental aos colaboradores, não apenas pós-pandemia, mas desde já, visto que os danos psicológicos podem ser agravados pelo distanciamento social, isolamento, medo pelo adoecimento ou perda de entes queridos e preocupações econômicas. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria apontou que 89,2% dos especialistas destacou o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes devido à pandemia. Os empregadores devem se valer das plataformas virtuais para se aproximarem ainda mais das pessoas, de forma que elas se sintam mais acolhidas. Parcerias entre as áreas médicas da indústria e o Sistema Único de Saúde ou outras instituições especializadas podem ser úteis na construção necessária de políticas de saúde mental voltadas aos colaboradores. (Daniela Bortman/Bayer)
Pergunta: Para os casos de Covid-19 de possível contaminação dentro das empresas, como elas estão gerenciando a comunicação aos stakeholders Secretaria do Trabalho e Sindicatos?
Resposta: Não existe, até o momento, qualquer protocolo estabelecido pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) ou sindicatos devidamente publicados formalmente que de forma compulsória ou voluntária orientasse que fossem notificadas em casos de suspeita de contaminação Covid-19 nas dependências das empresas.
O que há são somente notificações às secretarias de saúde local (municipal) para casos atestados positivos de Covid-19 como preconiza o nosso ordenamento jurídico até o momento. Dessa forma, a empresa deverá promover investigação para averiguar se de fato a contaminação ocorreu internamente (na empresa) ou não, e documentar todo esse processo. (gerência de Gestão Empresarial da Abiquim)
O Ministério Público tem se envolvido nestas questões ?
Resposta: Sim. No dia 29 de junho de 2020 o Ministério Público do Trabalho lançou a RECOMENDAÇÃO Nº 2 – PGT/GT Covid-19. Caso alguém tenha interesse no conteúdo, basta acessar o portal do Ministério Público do Trabalho - https://mpt.mp.br/. (gerência de Gestão Empresarial da Abiquim)