Diante da guerra comercial instalada entre Estados Unidos e China, com o calçado chinês taxado em 145% para entrar no mercado norte-americano, os compradores estadunidenses vêm buscando novos fornecedores. A indústria calçadista brasileira, a maior do Ocidente, desponta naturalmente como uma das principais opções de substituição ao produto chinês. Foi com o intuito de criar uma conexão ainda maior com o mercado norte-americano que a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), por meio do Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações do setor mantido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), participou do “2025 Footwear Forum”. O convite foi da realizadora do fórum, a National Shoe Retailers Association (NSRA), associação de lojistas independentes dos EUA. No evento, realizado entre os dias 23 e 24 de abril, em Glendale, Arizona, a entidade oficial do calçado brasileiro foi representada pela sua gestora de Relacionamento e Negócios, Letícia Sperb Masselli.
Segundo Letícia, o forum, que contou com palestras inspiracionais, exposição de produtos e mesas redondas sobre temas relacionados às importações, feiras internacionais, varejo norte-americano, entre outros, é um evento voltado para networking e conexão. “O fórum é todo desenhado para isso (networking), do café da manhã ao jantar. O evento foi muito proveitoso, com grande interesse por parte dos compradores locais. Hoje, temos seis grupos norte-americanos confirmados na próxima BFSHOW, além de muitos interessados na nossa indústria e com potencial de visitação a edições futuras da feira”, conta. Segundo ela, a feira calçadista realizada pela Abicalçados chamou a atenção por dois fatores: apresentar as coleções da principal indústria produtora de calçados fora da Ásia e também pelas suas facilidades logísticas, já que os aeroportos de São Paulo recebem voos internacionais diretos.
Oportunidade
Letícia conta que o mercado local vem trabalhando cada vez mais com a importação de calçados na modalidade private label - produtos que levam a marca do cliente varejista - como forma de dar sustentabilidade aos seus negócios. “Grandes marcas internacionais, apesar de servirem como chamariz para os consumidores, restringem muito as margens dos lojistas”, comenta. Neste contexto, pela sua capacidade de produzir bons calçados, com preços competitivos, qualidade e sustentabilidade, a indústria brasileira desponta como uma grande aliada do varejo norte-americano. “O comentário unânime foi de que as margens dos calçados brasileiros podem ser muito melhores do que as dos calçados asiáticos, especialmente das grandes marcas”, conclui Letícia.
Mercado
Segundo principal destino internacional dos calçados brasileiros em 2025, os Estados Unidos importaram, em março, 1 milhão de pares verde-amarelos, pelos quais foram pagos US$ 17,54 milhões, altas tanto em volume (+34,8%) quanto em receita (+12%) em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre de 2025, os norte-americanos importaram 2,93 milhões de pares brasileiros por US$ 54,7 milhões, incrementos de 10,2% e de 0,3%, respectivamente, no comparativo com o mesmo intervalo de 2024. A tendência é que, com os impostos elevados para os calçados chineses, os registros aumentem ao longo do ano.