Automotivo  13/10/2025 | Por: Redação

Qualidade automotiva

11º Fórum IQA discute desafios para a qualidade no setor automotivo

Uma das maiores preocupações reveladas pelos participantes do evento foi com a falta de mão de obra jovem e qualificada


O IQA – Instituto da Qualidade Automotiva realizou em 9 de outubro a 11ª edição do Fórum IQA da Qualidade Automotiva, com o tema "Coexistência Tecnológica e o Impacto dos Fatores Globais na Qualidade Automotiva: Navegando em Tempos de Mudança", em São Paulo (SP). O evento reuniu profissionais, executivos e especialistas para discutir os desafios e oportunidades que moldam o futuro da mobilidade e da qualidade no setor automotivo atualmente.

O Fórum contou com três palestras e três painéis de debates, abordando os efeitos das transformações tecnológicas, regulatórias e econômicas sobre a qualidade e a competitividade das empresas. Sustentabilidade, inovação, digitalização e formação profissional foram os principais eixos das discussões. 

Abrindo o evento, Natália Fingermann, professora adjunta do bacharelado de Relações Internacionais da ESPM, destacou a corrida por avanços tecnológicos e energia, além do impacto das mudanças demográficas na escassez de mão de obra qualificada. "A mão de obra, infelizmente, não é um processo rápido de investimento, apesar de toda a inteligência artificial e de toda a tecnologia. A gente sempre fala sobre a mão de obra, fala que vamos oferecer agora um curso online, mas, infelizmente, se a gente quer investir em mão de obra de qualidade, é preciso ir além de cursos online. São necessários investimentos com aulas presenciais, recursos financeiros e incentivo à pesquisa e tecnologia."

Em seguida, Ricardo Roa, sócio-líder do setor Automotivo da KPMG no Brasil, apresentou os pilares que estão transformando a experiência do consumidor no setor, como integridade, personalização, empatia e resolução ágil: "Quando a gente fala de novos comportamentos, 92% dos consumidores atuais buscam um veículo com maior experiência de mobilidade. Com veículos mais tecnológicos e conectados. Nos últimos 2, 3 anos, está sendo, um dos maiores momentos de disrupção do setor automotivo. Então, você ouviu falando de digitalização, eficiência, eletrificação e necessidade de novas mão de obra para atender todo esse cenário, é um pouco do que a gente vê. E essa transformação é o que a gente vai vendo e de como a gente consegue se adaptar". 

Para finalizar as palestras, Leonardo Machado Rocha, assistente da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro apresentou a Estratégia Nacional de Infraestrutura da Qualidade (ENIQ) e seu impacto em setores como o automotivo, com foco na inovação.
 
De acordo com ele, o eixo de governança e integridade é um eixo que comtempla ações de caráter mais estruturantes. "Esse eixo tem o objetivo de consolidar um modelo de governança efetivo que promova a visão sistêmica da Infraestrutura da Qualidade, o fortalecimento institucional, a sinergia e a atuação coordenada dos atores integrada com as pautas prioritárias, a modernização de marcos legais e infralegais, as melhores práticas de integridade e condutas éticas e transparentes".

Os painéis de debates tiveram início com o tema "Competitividade, Inovação e Desafios no Cenário Global e Brasileiro", mediado por Gabor Deak, diretor de Tecnologia do Sindipeças. O painel contou com a presença de Maiara Castro, vice-presidente de Qualidade da América do Sul da Stellantis, que destacou como a empresa tem se adequado a esse cenário: "A qualidade não é um departamento, a qualidade não se constrói sozinha, a qualidade é formada por uma cultura, que hoje precisa ser impulsionada pela inovação e pela competitividade. Então, a qualidade, dentro da Stellantis, está no nosso pilar, é a nossa prioridade, está em evolução, e é nisso que estamos trabalhando fortemente neste momento."
 
O painel "Digitalização no Setor Automotivo: Como Fatores Globais Redefinem as Concessionárias" contou com a presença de Ricardo Martins, chief administrative officer & vice-presidente para Hyundai Motor Américas Central e do Sul e para Hyundai Motor Brasil, que apresentou como a Hyundai busca sempre estar inovando e se aperfeiçoando, em todas as áreas da empresa "à nossa cultura, por ser uma multinacional sul-coreana, é sempre buscar inovação a todo momento e essa palavra, inovação, está na raiz".
 
Ricardo Martins trouxe para a discussão como a digitalização é fundamental para a coleta de dados e a formulação de estratégias financeiras e mercadológicas eficazes, citando o Workshop Automation (WA) da Hyundai como exemplo prático de inovação no pós-venda. "Nesse processo que nós temos dentro da Hyundai, o principal ponto é que todo o processo do WA e toda a inovação necessária são otimizados constantemente. Não existe aquele upgrade uma vez por ano para atualizar o sistema. Nós constantemente enviamos para a rede de concessionárias todos os upgrades — sejam softwares, que são muito mais rápidos, sejam equipamentos necessários — para que consigamos trazer velocidade, capacidade de acúmulo de informação e, sobretudo, maior agilidade na análise e retorno, não só para os técnicos da concessionária, mas também para os nossos clientes."

Outro destaque foi o painel sobre Aftermarket Automotivo, que trouxe à tona a preocupação com a falta de mão de obra jovem e qualificada, além da necessidade de uma educação técnica mais sólida para atender às demandas do setor. Entre os painelistas, Claudio Sahad, presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), ressaltou a importância de acompanhar as grandes mudanças e investir em qualificação: "Quando a gente fala do setor automotivo, nós estamos passando por um momento de grandes transformações, como nunca passamos na história, e precisamos nos adaptar. Se não nos adaptarmos qualificando o nosso pessoal, vamos ficar para trás, obsoletos. Então, temos que olhar para isso com muita atenção."